No dia 3 de outubro de 2024, o Brasil se despediu de uma de suas vozes mais emblemáticas: Cid Moreira, que faleceu aos 97 anos, poucos dias após seu aniversário. Internado com pneumonia, ele deixou não apenas uma carreira de décadas, mas uma marca inconfundível na memória dos brasileiros. Por mais de 25 anos, ele encerrou as noites dos telespectadores com seu icônico “boa noite” no Jornal Nacional.
Cid Moreira: Mais do que a Voz do Jornal Nacional
Embora seja amplamente reconhecido por seu trabalho na televisão, onde se tornou sinônimo de credibilidade e profissionalismo, a carreira de Cid Moreira começou muito antes de sua estreia no Jornal Nacional. Ele iniciou sua trajetória em 1947, como locutor de rádio, e teve passagens marcantes pelo cinema e pela televisão, além de se tornar um dos principais nomes da publicidade brasileira nos anos 1950.
De Taubaté ao Sucesso no Rádio
Nascido em 29 de setembro de 1927, em Taubaté, São Paulo, Alcides Moreira Alves (nome de batismo) começou sua carreira na Rádio Difusora de Taubaté. Dois anos depois, em 1949, mudou-se para São Paulo, onde ingressou na Rádio Bandeirantes, e em 1951, foi para a prestigiada Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro.
Na Mayrink Veiga, ele se destacou como locutor de comerciais, tornando-se um dos rostos mais conhecidos dos jingles publicitários. Entre os produtos que anunciava, estavam desde dentifrícios até banha de porco, sempre com a mesma seriedade que o tornaria conhecido no futuro.
Cid Moreira e o Cinema Brasileiro
Cid Moreira também deu seus primeiros passos no cinema nos anos 1950. Ele foi convidado pelo diretor Eurides Ramos a participar do filme Angu de Caroço (1955), ao lado de figuras como Ankito, Adriano Reys e Agildo Ribeiro. Embora sua atuação tenha sido modesta, como mestre de cerimônias, essa participação o consolidou como uma figura versátil e requisitada para narrações de cinejornais e documentários.
A Chegada à Televisão
A estreia de Cid Moreira na televisão aconteceu em 1956, no programa Os Dez da Semana, da TV Rio. Com o tempo, ele foi se consolidando como uma das principais vozes do telejornalismo, acumulando passagens pela TV Tupi e Rádio Nacional.
Em 1969, foi convidado pela Rede Globo para comandar o Jornal Nacional, onde ficou até 1996. Sua voz, seu estilo sério e sua postura inconfundível o transformaram em um ícone da televisão, consolidando-o como um dos jornalistas mais respeitados do país.
Um Retorno ao Cinema e o Legado Imortal
Mesmo após deixar a bancada do Jornal Nacional, Cid Moreira continuou ativo. Em 2013, fez uma participação especial como narrador no filme Tudo Por Um Furo (Anchorman 2: The Legend Continues), estrelado por Will Ferrell e Steve Carrell, mostrando que sua voz continuava a ser um símbolo de credibilidade e carisma.
Com mais de sete décadas de carreira, Cid Moreira não era apenas uma voz, mas uma presença que atravessou gerações, testemunhando e narrando a história do Brasil.