Esta semana assisti ao filme “Calibre”. Estava procurando algo de qualidade no vasto catálogo da Netflix. Atualmente, essa busca pode ser desafiadora, dada a abundância de filmes e séries, muitos dos quais são de qualidade questionável, com histórias desconexas e finais decepcionantes. Contudo, em determinado momento, este filme se destacou para mim.
Desde o primeiro momento, ‘Calibre’ me prendeu em seu laço de tensão crescente. O filme, ambientado nas terras altas da Escócia, não é apenas um thriller psicológico; é uma exploração da alma humana. A história segue dois amigos em uma viagem de caça que rapidamente se transforma em um pesadelo moral. A atuação é sublime, transmitindo com sucesso a angústia e o conflito interno dos personagens.
O que mais me impressionou foi a habilidade do diretor em criar uma atmosfera tão palpável que você quase pode sentir o peso da névoa escocesa em seus ombros. A cinematografia é uma obra-prima, capturando a beleza selvagem e indomável da Escócia, que serve como um personagem silencioso, mas poderoso, na narrativa.
Sem revelar spoilers, posso dizer que antes do acontecimento principal do filme, durante a apresentação dos personagens, há uma atmosfera leve, com contemplação das belas paisagens das locações e da amizade entre os dois protagonistas. No entanto, conforme a trama avança, o filme se torna tão intenso que você mal consegue respirar – é extremamente angustiante. São sequências de decisões erradas que, a cada minuto, os levam mais fundo na escuridão.
A crítica tem sido justamente positiva, com uma aprovação de 95% no Rotten Tomatoes e uma pontuação de 76 no Metacritic. O filme foi elogiado por sua abordagem honesta e questionamentos sobre o limite da amizade diante da culpa. É um suspense que evita os exageros do gênero e opta por uma narrativa intensa e questionadora.
‘Calibre’ é um filme que desafia, que faz você questionar até onde iria para proteger um amigo. É um lembrete sombrio de que, às vezes, as decisões mais rápidas são as que mais pesam na consciência. Ao terminar de assistir ao filme senti uma mistura de admiração pela arte cinematográfica e um desconforto pela realidade brutal que ela retrata. Este é um filme que fica com você, ecoando em seus pensamentos muito depois dos créditos finais.