Você já ouviu falar em deepfake? Trata-se de uma tecnologia que usa inteligência artificial para criar vídeos ou áudios falsos, mas muito convincentes, de pessoas reais. Essa tecnologia pode ser usada para fins divertidos, como trocar o rosto de celebridades ou dublar filmes, mas também pode ter usos maliciosos, como espalhar desinformação, extorquir dinheiro ou prejudicar reputações.
Um caso recente que chocou o mundo foi o de um funcionário do setor financeiro de uma multinacional que foi enganado por golpistas que usaram deepfake para se passar pelo diretor financeiro da empresa em uma chamada de videoconferência. O funcionário foi instruído a realizar uma transação secreta de US$ 25 milhões para cinco contas bancárias diferentes em Hong Kong. Ele só percebeu que se tratava de um golpe uma semana depois, quando verificou com a sede da corporação no Reino Unido.
Segundo a polícia de Hong Kong, esse foi o primeiro caso na cidade em que as vítimas foram enganadas em uma videoconferência com várias pessoas, todas elas falsas. Os golpistas foram capazes de replicar com precisão as aparências e as vozes dos alvos usando filmagens e áudios disponíveis publicamente. A polícia não revelou o nome da empresa ou do funcionário envolvidos.
Esse caso ilustra o perigo e a sofisticação dos golpes envolvendo deepfake, que têm se tornado cada vez mais comuns em todo o mundo. Em 2023, houve relatos de fraudadores que usaram áudios deepfake para se passar por parentes ou amigos em apuros e pedir dinheiro às vítimas. Em 2022, um homem foi preso na França por usar vídeos deepfake para criar imagens explícitas falsas da cantora Taylor Swift e vendê-las na internet.
A tecnologia deepfake é baseada em redes neurais artificiais que aprendem a imitar os traços faciais e vocais de uma pessoa a partir de dados disponíveis. Com o avanço da inteligência artificial e o aumento da quantidade de dados na rede, os vídeos e áudios falsos estão ficando cada vez mais realistas e difíceis de detectar.
Por isso, é importante que as pessoas estejam atentas e desconfiadas diante de pedidos suspeitos ou urgentes que envolvam dinheiro ou informações pessoais. Além disso, é recomendável verificar a autenticidade das fontes e dos conteúdos que circulam na internet, usando ferramentas como o Google Reverse Image Search ou o InVID-WeVerify. Também é essencial que as empresas invistam em medidas de segurança e treinamento para seus funcionários, a fim de evitar cair em golpes sofisticados como esse.
Referências:
- Deepfake scammer walks off with $25 million in first-of-its-kind AI heist | Ars Technica
- Golpistas usam deepfake de diretor financeiro e roubam US$ 25 milhões | CNN Brasil
- Fraudsters use deepfake technology to trick employee into paying $25m | The Independent
- ‘Deepfake’: IA cria reunião falsa com diretor financeiro de multinacional que transfere R$ 129 milhões a criminosos | O Globo