O Departamento de Polícia de Nova Iorque está testando o Digidog, robô da Boston Dynamics em forma de cachorro que será implantado em situações perigosas para manter os polícias mais seguros. Contudo, algumas vozes já manifestaram preocupação, temendo que esta ferramenta de vigilância se torne agressiva. Como tal, um legislador de Nova Iorque quer proibir o uso de robôs armados pela polícia.
The NYPD has been using robots since the 1970's to save lives in hostage situations & hazmat incidents. This model of robot is being tested to evaluate its capabilities against other models in use by our Emergency Service Unit and Bomb Squad. https://t.co/134Xl0ezox
— NYPD NEWS (@NYPDnews) February 25, 2021
O vereador Ben Kallos disse que “assistiu com horror” no mês passado à polícia municipal a responder a uma situação de reféns no Bronx, usando o Digidog da Boston Dynamics. A polícia utilizou o cão robótico operado remotamente e equipado com câmaras de vigilância. As fotos do Digidog tornaram-se virais no Twitter, em parte devido à sua semelhança com máquinas que acabam com o mundo na série de ficção científica da Netflix, Black Mirror.
Assim, Kallos propõe o que pode ser a primeira lei do país que proíbe a polícia de possuir ou operar robôs armados.
Não se assustem, este tipo de ferramentas é usado há muitos anos, principalmente na perigosa função de desarmar bombas, só que agora com o apogeu das redes sociais o efeito de haver gravações sobre o comportamento destas máquinas parece estar a causar uma nova preocupação.
“ Eu acho que ninguém preveu que eles seriam usados pela NYPD. Não tenho nenhum problema em usar um robô para desarmar uma bomba, mas tem que ser o uso correto em certas de circunstâncias.”
Afirmou o vereador Ben Kallos.
O legislador quer propor um projeto de lei não irá proibir a utilização de robôs desarmados como o Digidog, apenas serão banidos os robôs armados. Contudo, especialistas em robótica e especialistas em ética dizem que ele explorou as preocupações com a crescente militarização da polícia.
As forças de segurança têm hoje um acesso cada vez maior a robôs sofisticados através de fornecedores privados de venda de equipamento militar. Aliás, a polícia em Massachusetts e no Havai também testa o Digidog.
“Os robôs não letais podem muito bem transformar-se em letais. Estas máquinas podem salvar vidas de polícias, e isso é uma coisa boa. No entanto, também precisamos ter cuidado para não tornar uma força policial mais violenta.”
Informou Patrick Lin, diretor do Grupo de Ética e Ciências Emergentes da Universidade Politécnica da Califórnia.
No incidente do Bronx no mês passado, a polícia usou o Digidog para reunir informações sobre a casa onde dois homens mantinham outros dois como reféns. O robô examinou a área, os esconderijos e cantos estreitos. A polícia acabou prendendo os suspeitos, mas os defensores da privacidade levantaram questões sobre as capacidades técnicas do robô e as políticas que regem o seu uso.
A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) questionou a razão do Digidog não ser citado na divulgação de dispositivos de vigilância usados pelo departamento de polícia. Segundo esta entidade, a informação é obrigatória de acordo com uma lei municipal aprovada no ano passado. O robô só foi mencionado de passagem numa secção sobre “câmaras de consciência situacional”. A ACLU chamou essa divulgação de “altamente inadequada”.
Em resposta a polícia de Nova York deu um comunicado onde fala que:
“tem usado robôs desde 1970 para salvar vidas em situações de reféns e incidentes de materiais perigosos. Este novo modelo de robô será testado para avaliar as suas capacidades em relação a outros modelos em uso pela Unidade de Serviço de Emergência e Esquadrão de Bombas.”
Num comunicado, o CEO da Boston Dynamics, Robert Playter, disse que os termos de serviço da empresa proíbem a instalação de armas nos seus robôs. Ele falou que:
“Todos os nossos compradores, sem exceção, devem concordar que o Spot não será usado como uma arma ou configurado para segurar uma arma. Como indústria, acreditamos que os robôs atingirão viabilidade comercial de longo prazo apenas se as pessoas virem os robôs como ferramentas úteis e benéficas, sem se preocupar se eles vão causar danos.”
Fonte da notícia e imagens: Polícia de Nova York