Estamos no episódio 08. Faltam dois para fechar a temporada, mais ou menos duas horas de programa. Até agora a série estava “estacionada”, mas eu creio que o espetáculo deu um passo para se preparar para o que está por vir, a história seguiu um pouco adiante (finalmente).
O episódio começou com a apresentação do deus Tu’er Shen (representado por Daniel Jun), conhecido como o deus coelho, a divindade que rege o amor e o sexo entre homossexuais na China.
A divindade na série já estava na América há 100 anos quando o conhecemos em 1951. Ele está fugindo e recebendo abrigo no Grand Peacock Inn por sua proprietária transgênero, Toni (Dana Aliya Levinson), que o esconde dos seus perseguidores. Como agradecimento, Tu’er Shen abençoa a pousada como seu novo templo, declarando que funcionará por décadas.
Tanto a pousada como a própria Toni estão incólumes nos dias de hoje, e é quando Laura e Salim entram pela porta e iniciam nossa trama.
Na primeira temporada Salim e o Djinn tiveram uma história amorosa intensa, que acabou de forma trágica dentro e fora das telas: o ator Mousa Kraish foi demitido da série e com isso Salim ficou sem propósito.
Off: não se sabe ao certo o que aconteceu, mas em 2019 Mousa fez uma despedida bem carregada no Twitter, justificando a sua ausência:
This character has introduced me to so much and I was proud to represent not just the Middle Eastern community in such a positive role you don’t normally see television but also the LGBTQ community that supported this character of color that you don’t see on television…
— Mousa Hussein Kraish he/him (@MousaKraish) December 16, 2019
“Muitos de vocês estão entrando em contato comigo para dar apoio e amor. Eu sou muito grato por essa comunidade incrível que existe por causa do Neil Gaiman e American Gods. Posso afirmar que eu não fui chamado para voltar para essa temporada. Foi uma honra interpretar o Jinn e viver em sua pele fogosa”, escreveu. “Esse personagem me apresentou a tanto e sou muito orgulhoso de ter representado não apenas a comunidade do Oriente Médio de maneira positiva, que você não vê normalmente na TV, mas também a comunidade LGBTQ que deu apoio a este personagem não-branco de um jeito que não se vê na televisão.”
Voltando a série:
Provavelmente, e eu espero que sim, os produtores escolheram o Deus Coelho para fechar com chave de ouro a participação de Salim nos eventos… Há coisa melhor do que um final para o personagem regado a purpurina, sexo, amizade e amor em uma festa gay? Sem mencionar que ele finalmente assume que pode voltar a ama e ganha uma nova paixão, Kai (Noah J. Ricketts).
Será esse destino onírico ou a morte nas mãos dos novos deuses, já que não estamos levando muita fé na Laura “Sortuda” Moon.
As outras histórias desta semana finalmente avançam, mesmo que a passos de tartaruga cansada, a trama. Nossa menina Laura conheceu um novo leprechaun Liam Doyle (sim, ele mesmo, Iwan Rheon o Ramsay Bolton de Game of Thrones, da Batalha dos Bastardos).
Definitivamente ela tem uma queda por por duendes: Mad Sweeney a marcou e mesmo Liam Doyle fazendo o tipo malandro, o coração dela a permitiu lhe entregar sua moeda da sorte em troca da lança de Odin, um dos poucos artefatos que um humano pode usar para matar um deus da grandeza de Odin.
As chances agora são de que ela realmente consiga matar o Sr. Wednesday.
Wednesday, conseguiu se vingar de Tyr por sequestrar e ameaçar matar seu filho. Essa já era uma rivalidade antiga como vimos durante toda a temporada e ambos tinham ressentimentos um com o outro.
A luta deles foi excelente, mas eu esperava um pouco mais de uma batalha entre deuses. A equipe economizou em efeitos mesmo Ian McShane e Denis O’Hare vestidos a caráter de uma poderosa luta de espadas “da forma tradicional”.
Depois que Shadow ajudou seu pai a matar Tyr, finalmente o deus nórdico deixou o rapaz em paz (será?) e agora Shadow seguirá aonde a propaganda que se mexe o leva. Isso sempre o guiou na direção certa, por isso em vez de voltar para Lakeside, ele vai seguir a trilha para ver se consegue descobrir algo sobre o filho desaparecido de Marguerite.
Vamos ser sinceros: ele está tão de “saco cheio” de Odin, que ser descartado pelo seu velho não o abalou em nada, pelo contrário, finalmente vemos um sorriso no rosto e esperança no semblante do semideus.
É um desperdício tamanho ter um ator deste porte e deixá-lo praticamente em segundo plano nessa temporada.
Sobre o menino técnico, ele está finalmente consertando as coisas em sua cabeça. Está aprendendo a lidar com as emoções que ele sentia quando era humano a muitos séculos atrás e espero que ele volte a si e saia desta prisão em sua própria mente. Uma hora ele vai perceber que na verdade a deusa Bilquis não danificou sua mente, mas a trouxe de volta depois de muito tempo adormecida. Tudo o que ele precisa fazer e parar de lutar contra si mesmo e permitir que suas emoções se manifestem (talvez ele até mude de lado).
Pelo que estou vendo, provavelmente a série vai fechar nessa temporada. Laura pode sim conseguir seu objetivo, Shadow Moon vai resolver o mistério de Lakeside (spoiler: no livro ele resolve) e poderemos ter uma paz entre os seres divinos… Mas gente, eu queria uma guerra! 🙄
Resumindo: Episódio parado e fora de rumo em relação a série, mas eu entendo bem os produtores: eles devem ter feito essa proeza para fechar bem o arco do Salim, que estava há muito tempo com aquela cara de cachorrinho que cai da mudança por perder seu amor, e aproveitando a deixa deram um passo a frente na trama da Laura, que agora está a caminho de seu destino, pois convenientemente Shadow está fora de seu caminho.
Mas esse não é o fim da história. O que você espera dos dois episódios finais?