Review: Deuses Americanos – Temporada 03 episódio 10 “Lágrimas da Árvore em que a Ira frutifica” (final da temporada)

Depois de tudo que passou e sabia sobre o pai, Shadow foi novamente vítima de suas manipulações.

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Info

Data de estréia:
20 de março de 2021.
Duração:
52min.
Atores principais:
Ricky Whittle, Emily Browning, Yetide Badaki e Ian McShane

Sinopse:

Oscilando no limite entre a guerra e a paz, os deuses reúnem-se para lamentar uma perda. A jornada divina de Bilquis a leva a uma revelação inesperada, enquanto Shadow finalmente aceita um destino que pode levá-lo à grandeza ou à morte.

Frase do episódio:

“ Um sacrifício de sangue de um filho? Uau. Isso é poderoso o suficiente para restaurar toda a minha antiga glória. Odin, o pai de todos, todo poderoso novamente.”
– Odin

Contém Spoilers

 

O último episódio da terceira temporada de American Gods , “Lágrimas da árvore que carrega a ira”, revelação outro passo importante no destino de Shadow Moon e suas consequências devastadoras. Praticamente revelara que Shadow mesmo já tendo passado por maus momentos  por causa do pai, que chegou ao cúmulo de matar sua esposa infiel para retirar qualquer propósito de vida, ainda caiu na armação do pai, pois o sacrifício que ele fez voluntariamente foi uma armação. Até mesmo Laura foi manipulada para executar sua vingança de forma mais conveniente para Odin.

Prova disso é que eles todos se reúnem no meio da América, considerado o lugar mais desalmado e sem magia do planeta. Num momento Shadow pergunta por que Odin não marcou a reunião ali, onde a violência não poderia ocorrer. Mas, como sabíamos, Wednesday nunca teve paz em sua mente.

O episódio começa bem lento, passando pelos movimentos repetitivos dos Novos Deuses e Antigos Deuses se enfrentando. Como sempre, os Novos Deuses tentam trapacear, desta vez entregando Laura, e os dois lados chegam a um impasse.  Da mesma forma que ocorreu em toda a temporada, os novos Deuses conspirando e debochando de tudo, Laura fazendo besteira atrás de besteira, Czernobog que nem um Pit Bull irado querendo bater em alguém mas sempre frustrado em suas investidas e Shadow sempre bancando o valente para no último segundo dar uma de bom moço.

Praticamente este episódio é somente a finalização do anterior, com todos os personagens sofrendo as consequências da morte de Wednesday, e ele mesmo depois de morto, manipulando toda a situação.

Por falar em manipulação, Shadow quando firma o contrato com seu pai esqueceu-se de ler as letrinhas miúdas, e por isso é obrigado a participar de uma perigosa vigília nórdica por seu pai (tem um momento que ele questiona se fez a escolha certa). Essa obrigação conduz a maior parte do episódio. Com unanimidade todos sabem que não é uma boa ideia, já que a vigília é uma cerimônia feita para um deus e não um humano.

O interessante deste episódio foi ver todo o elenco em conflito com Shadow (até ele mesmo) o que nos permite ver o personagem sob uma nova luz. Vemos que a honra é muito forte nele e a motivação dele em encontrar um novo propósito para a sua vida. Ele é movido por obrigação, mas também pelo desejo de obter o poder que seu pai lhe prometeu.

Enquanto Shadow Moon passa de um novo homem para novamente a ser dependente da vontade de seu pai, Laura se livra de qualquer corrente que a prendia a qualquer Deus. Sua próxima jornada será intimamente ligada a seu novo amigo, o Leprechaun Liam Doyle, que a emprestou sua moeda da sorte para que a mocinha recém ressuscitada não morresse novamente.

Ao contrário de Shadow, ela assumiu o controle de seu próprio destino.

O episódio em trouxe também uma falha de suspense:  o desenrolar da trama nos tira a dúvida de que Shadow morre ou não, já que Bilquis recebe uma missão dos Orixás para encontrar Laura, e é revelado a deusa que a “noiva-cadáver” é uma parte do destino de Shadow. Será que ela é a alma gêmea citada? Shadow tem um otimismo interminável e Laura um pessimismo irritante, eles se equilibram.

Isso nos dá a certeza de que Shadow não morreu definitivamente. Provavelmente irá voltar com mais poderes.

Laura: OK. Então, você está dizendo que é um deus agora?
Shadow: Estou dizendo que tenho um destino e preciso segui-lo aonde quer que ele me leve.

Vimos em Deuses Americanos que a morte altera a vida, mas não a termina. Shadow encontrará propósito na morte.

A série está falhando em criar o suspense entre esses dois personagens. Bilquis é muito mal aproveitada depois de todo hype criando ao redor dela no início da temporada e a ansiedade que fica se resume em um arrastado de previsões e desencontros, estilo novela mexicana ou filme de aventura guiada por vidente.

Sem surpresa, a vigília acabou sendo uma má ideia, e Shadow literalmente é torturado até a morte por uma árvore senciente. Antes de morrer Shadow encontra Wednesday em uma visão e descobre a verdade de que seu pai sempre pretendeu que ele completasse a vigília  e se tornasse seu sacrifício para que ele pudesse renascer,  e com o drama e comoção de seus aliados indecisos, juntar seu exército de Deuses para a guerra.

Esse episódio conseguiu apagar qualquer pingo de simpatia por Odin, e agora podemos entender até a decisão de Deméter de sumir no ar em vez de voltar a ser um par com ele.

No fim, nesta temporada vemos 3  histórias jogadas sem conexão aparente (Deméter, Lakeside e a Vigília) que mostra como muita coisa veio a ser desnecessária para a grandiosidade do plot da série, sem contar a falta de um finalização, mesmo que parcial, da série para a próxima temporada. É um corte brusco, que nem ocorreu entre Matrix 2 e 3 (um filme sem final e um outro sem começo).

O suspense da aparente morte de Shadow, a prisão do Garoto Técnico e a confissão do Sr. World que seu maior desejo é a trapaça (o que nos faz matar a charada de que na verdade ele não é um novo deus, mas o disfarce do deus nórdico Loki) pode ser o suficiente para manter os telespectadores querendo consumir mais uma temporada, mas no geral, o final da 3ª temporada de American Gods fornece frustração e intrigas mal resolvidas em igual medida.

Embora não haja uma renovação oficial na Starz para a 4ª temporada de Deuses americanos, eles ainda têm um pouco da história para contar.

Na opinião deste editor a primeira temporada foi épica, maravilhosa, a segunda foi confusa e complicada e a terceira, que acabou hoje, foi incompleta e inconclusiva. Como foi feito em Vikings, esta temporada não deveria ter finalizado, poderia ser chamada de “3ª temporada parte 01”.

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