A ideia de Chernobyl, da HBO, começou como a maioria das curiosidades faz: com uma pesquisa rápida na Wikipédia.
Mas essa simples pesquisa sobre o infame acidente nuclear de 1986 levou o criador da série, Craig Mazin, 48 anos, a mergulhar em uma profunda pesquisa sobre os acontecimentos. produzindo uma série de cinco partes que teve uma imensa audiência e 19 indicações a prêmios.
Em uma entrevista ao site Hollywood Reporter, ele falou sobre as dificuldades em produzir a série e uma cena que se arrependeu de ter cortado:
Mas qual foi a maior dificuldade em adaptar Chernobyl ?
Segundo Craig a parte mais difícil foi o constante desejo de ser o mais preciso possível em relação aos fatos, diante da agenda e orçamento destinados a produção, pois para contar uma história que se passa em cerca de dois ou três anos em cinco horas, as coisas teriam de ser alteradas e comprimidas.
Mas o criador tentou fazer isso o mínimo possível, e sempre tomamos nota do que ficou vago para que eu pudesse explicar mais tarde em seus podcasts.
O que mais foi importante para você entrar em produção?
Nós sabíamos que estávamos contando a história de outra cultura. Era importante que nós, como “forasteiros”, estivéssemos contando a história de dentro. Nós não estávamos contando uma história sobre pessoas vindas de fora para resgatar ou salvar. Estávamos contando a história dos cidadãos médios soviéticos e sua experiência nesse incidente. Queríamos ter momentos em que as pessoas no Ocidente pudessem ver que a média da vida soviética diária não era necessariamente o que nos diziam que era. Havia aspectos da vida soviética que eram angustiantes, sem dúvida. Mas as pessoas sorriam e as crianças brincavam, e havia alegria, e queríamos que as pessoas vissem isso.
Não havia muita coisa disponível sobre Chernobyl antes disso. Como você tentou ajudar os espectadores a pensar nisso?
É um pouco como entrar no Titanic sem saber que o Titanic é tudo menos o nome do barco. Era difícil apresentar certos aspectos dos fatos sem tirar o público de um ritmo. Uma coisa que é importante saber é que a maioria das pessoas que moravam naquela cidade estavam lá porque faziam parte de uma comunidade de apoio para ao trabalhadores do reator nuclear. Eles não tinham absolutamente nenhuma compreensão do que era a energia nuclear ou como ela funcionava ou os perigos potenciais da radiação. Isso é realmente de difícil concepção para nós, vindo de um país onde tudo isso é discutido abertamente.
Olhando para trás, há algo que você possa ter mudado na narrativa?
Há uma cena que tiramos por causa do tempo, e eu adoraria colocá-la de volta. No segundo episódio, o personagem de Emily Watson visita um oficial do partido, e ele basicamente diz que não há problema nenhum de contaminação.
Haveria uma cena subsequente em que vemos que ele está ao telefone tentando fazer com que as autoridades do partido o deixassem cancelar o desfile de primeiro de maio em Minsk por causa da contaminação no ar, e eles não o deixam. Então ele não pode fazer nada sobre isso ele até desfila na parada no dia do evento. Esse é um capítulo de Chernobyl que é absolutamente verdadeiro pois Kiev e Minsk realizaram desfiles no dia 1º de maio, onde pessoas, incluindo crianças, marcharam para fora sem qualquer pista de que a radioatividade havia se espalhado pelo ar apenas quatro dias antes.