Ser relevante: o medo do comum

sem noção

Navegando por redes sociais, vendo perfil de amigos e de desconhecidos, quase sempre tenho contato com relatos de pequenas passagem da vida da pessoa. Coisas fora do comum, viagens dos sonhos, saídas espetaculares e realizações romantizadas. Esses são os altos, mas algumas vezes, e ultimamente tem sido com mais frequência, vemos algumas reclamações da vida, brigas, discussões sem sentido e ataques direcionados a desafetos. A linha do tempo dessas pessoas pode até ser transformada em um roteiro de filme de comédia dramática.

Por observação, cheguei à conclusão de que, com a invenção da internet colaborativa, onde temos o direito à palavra, não importando nosso nível social, físico ou financeiro, esse poder gera nas pessoas um grande pavor de se sentir irrelevante, de estar em uma vida simples e “sem graça”, como muitos narram em seus perfis. Criou-se a necessidade de “postar” o que for que aconteça, desde a foto do filho espirrando até um curativo feito no hospital após um acidente grave, não citando bizarrices desnecessárias e “sem noção” que temos o desprazer de ver.

Nem sempre é necessário e sadio que a pessoa compartilhe o que viveu. Com um ecossistema tão vasto de mídias sociais como o facebook disponíveis e com a quantidade de material online sobre a experiência humana que temos contato, um ato de comer uma comida deliciosa ou postar uma foto do seu bebê, que para quem posta pode ser uma experiência incrível e prazerosa, disseminado nesse ambiente tão rico parece para a maioria das pessoas fútil, desnecessário e até mesmo será interpretado como um ato desesperado para ganhar “likes”. Ou seja, o sabor da experiência para a pessoa que a vivenciou e diferente para as demais.

Fazendo uma analogia com o mundo do cinema, filme independente que você adorou como “Cães de Aluguel” ou “Shame”, não é nada se comparado com um “pipoca” como Mad Max ou Senhor dos Anéis. Perde em público, crítica e seguidores, mas não deixa de ser bom, assim como os seus momentos mais simples e rotineiros têm seu charme e aventura.

A guerra matinal contra o opressivo despertador, o sabor do café da manhã, a sacada de mestre em pegar a melhor condução para o trabalho, a forma diferente e mais prática de arrumar as crianças para a escola, aquele encontro sem expectativas com a pessoa desejada, são seus momentos deliciosos, são a sua vida, são você e tem em sua pessoa um impacto tão profundo como a busca por um cálice sagrado ao personagem Indiana Jones, mas não serão tratados com a devida importância se postados em redes sociais.

Em resumo, evite postar coisas do seu dia-a-dia que não sejam relevantes para seu público em suas redes sociais. Fuja do medo de ser comum, porque a vida comum é algo muito gratificante no seu ponto de vista. Viva seus momentos e pense bem antes de compartilhá-los, pois são exclusivamente seus.

Obs: pode ser que você deseje mais, queira marcar sua presença no mundo, ser lembrado pela humanidade, ou ser um dos verbetes da Wikipédia. Nesse caso, a primeira medida a tomar e sair de sua zona de conforto e procurar aprender algo que se sobressaia do comum: criar um nome de peso, uma invenção genial, aprender a fazer vídeos para youtube, etc pois de futilidades as mídias sociais já estão abarrotadas, procure ser relevante e ter algo bom para oferecer as pessoas.

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