Essa semana o juiz do Piauí Luís de Moura Correa determinou que o WhatsApp fosse tirado do ar em todo o território nacional (mais especificamente que fossem suspensos não só os acessos ao aplicativo móvel quanto aos serviços dos domínios whatsapp.net e WhatsApp.com). O motivo desta determinação não pode ser divulgado por correr em segredo de justiça (por supostamente ser ligado processos de pedofilia), mais seria uma atitude para forçar a empresa a colaborar com a Justiça. Segundo o juiz, a empresa (sediada nos EUA, sem representação no Brasil) se mostrou arrogante e não forneceu dados relativos aos investigados na ação (foi notificada para dar cumprimento à determinação judicial, mas não se manifestou publicamente sobre o assunto).[pullquote]O juiz do Piauí Luís de Moura Correa determinou que o WhatsApp fosse tirado do ar em todo o território nacional (mais especificamente que fossem suspensos não só os acessos ao aplicativo móvel quanto aos serviços dos domínios whatsapp.net e WhatsApp.com). [/pullquote]
Rapidamente após a notícia, mais especificamente na noite da quinta-feira (dia 26 de fevereiro), a decisão foi derrubada pelo desembargador Raimundo Nonato da Costa Alencar. O magistrado entendeu em sua resolução que não era razoável bloquear um “serviço que afeta milhões de pessoas”. De acordo com especialistas em direito, qualquer cidadão que se sentir prejudicado pela suspensão do funcionamento do WhatsApp e de outros serviços também pode recorrer à Justiça para tentar anular a decisão.
No intervalo da polêmica, muitos brasileiros entraram em desespero e começaram a se inscrever nas redes alternativas ao serviço do facebook. O escolhido do momento foi o Telegram. A rede social ganhou mais de 2 milhões de usuários em um intervalo pequeno de 20 horas (enfrentando problemas de lentidão dado o espantoso número de novas conexões). O Viber, outro concorrente do WhatsApp começou a espalhar notícias em sua rede e no twitter sobre os problemas de segurança no Telegram chamando os usuários pra si, o que gerou uma pequena guerra entre as duas empresas, na briga pelos usuários preocupados em não perder a comunicação no caso de uma eventual suspensão dos serviços do WhatsApp.
Parece meio arbitrário, mais por esse mesmo motivo (dificuldades no acesso a conteúdo para investigações) a empresa vem sofrendo ameaças de bloqueio. No Reino Unido, por exemplo, o primeiro-ministro David Cameron também criticou a falta de colaboração da empresa com o serviço de inteligência britânico em investigações sobre terrorismo. “Vamos permitir meios de comunicação que são impossíveis de ler (criptografados)? Minha resposta é: não, não devemos fazer isso”, disse Cameron, se referindo a essa ferramenta e várias outras disponíveis na internet. Na Arábia Saudita, Irã, o aplicativo também é cogitado em meio a brigas judiciais e investigações de redes criminosas e terroristas.