O livro e biografia “Becoming Steve Jobs”, que foi lançado terça feira passada (dia 24) inicialmente nos EUA, está sendo considerado pelos críticos especializados na área como a melhor e mais fiel publicação já feita sobre Steve Jobs, ex-CEO da empresa. Desde a sua morte em outubro de 2011 devido a um câncer no pâncreas, vários livros foram escritos com esse tema, além de documentários e filmes com Steve Jobs como protagonista.[pullquote]”Becoming Steve Jobs” é uma biografia que traz histórias até hoje inéditas do cofundador da Apple.[/pullquote]
O mais conhecido livro, sem dúvidas era a biografia escrita por Walter Isaacson, que teve apoio do próprio Steve para realizar a obra, e foi publicada em 2011 logo após a sua morte. Mais a Apple não gostou muito do estilo do autor. Tim Cook, que substituiu Jobs como CEO da Apple, fez uma dura crítica ao livro em uma entrevista recente que deu à revista Fast Company:
“Acho que o livro do Isaacson prestou um tremendo desserviço a Jobs. Era apenas algo requentado de várias coisas que já tinham sido escritas, e focadas em pequenas partes da personalidade dele. Pelo livro, você tem a impressão que o Steve era um egomaníaco ganancioso e egoísta. Não capturou a pessoa. A pessoa sobre a qual eu li no livro é alguém com quem eu nunca iria querer trabalhar na vida. A vida é muito curta.”
Esse novo livro, escrito por Brent Schlender e Rick Tetzeli, intitulado de “Becoming Steve Jobs” é uma biografia que traz histórias até hoje inéditas do cofundador da Apple, além de depoimentos de pessoas que conviviam com ele, como Tim Cook, Jony Ive, Eddy Cue e até alguns nomes da Pixar, como Ed Catmull, John Lasseter e Robert Iger. A obra também tenta retratar um Steve Jobs humano, longe dos estereótipos de carrasco executivo criados pela mídia, e mostra de uma forma diferente do que lemos hoje, como sua visão transformou a Apple no que ela é hoje e como ela mudou o mundo da tecnologia a partir de sua paixão pela tecnologia e design.
E a opinião geral é essa, mesmo sabendo do fato dele ter sido praticamente persuadido a escrever o livro por Laurene Powell Jobs, esposa de Steve. Isaacson chegou a recusar a tarefa algumas vezes até se dar por vencido e aceitar escrevê-la justamente quando soube que o câncer de Jobs era um caminho sem volta.
Quando Jobs morreu, no dia 5 de outubro de 2011, a data de lançamento do livro foi adiantada em quase 1 mês, chegando ao mercado apenas 2 semanas após o falecimento do fundador da Apple. Isso ajudou a difundir a ideia de que a obra na realidade era um grande caça-níquel disfarçado de biografia autorizada, imagem que é mantida por alguns até hoje.
A obra de Isaacson é bastante franca, e trata de fatos polêmicos da vida de Jobs, como por exemplo a filha Lisa, cuja paternidade Jobs custou a reconhecer. Ao longo do livro, Jobs é retratado, muitas vezes duramente, como alguém explosivo e rancoroso, e histórias não faltam para ilustrar estas características.
Este é o primeiro livro sobre a vida de Steve Jobs a ser aprovado totalmente pela Apple. Os autores tiveram acesso a Cook e outros executivos e em troca, eles enviaram para a empresa a versão final da obra antes de sua publicação (com o compromisso de não serem realizadas mudanças a não ser as relacionadas a discrepâncias com fatos ou datas).
Steve Dowling (porta-voz da Apple) disse em entrevista ao jornal The New York Times:
“Após um longo período de reflexão depois da morte de Steve, sentimos um senso de responsabilidade em dizer mais coisas sobre o Steve que conhecíamos. Decidimos participar do livro por causa do longo tempo de convivência do autor com Steve, o que lhe deu uma perspectiva única sobre sua vida. O livro capta Steve melhor do que qualquer outra coisa que já vimos, e estamos felizes em poder participar.”
“Becoming Steve Jobs” ainda não tem previsão de tradução para o português, e a versão original já pode ser encomendada tanto em livro físico como em ebooks.
Talvez a Apple tenha apoiado o livro porque incentivando e participando com a visão dos executivos sobre o assunto seria uma forma dela guardar corretamente a memória de Jobs inserindo na produção algum tipo de controle.
Curioso é que Brent Schlender e Rick Tetzeli tentaram por muito tempo conseguir esse acesso na empresa, sendo sempre recusada qualquer aproximação, mais de acordo com o jornal The New York Times, após 18 meses a Apple finalmente mudou de ideia e autorizou as entrevistas.
Será que, conforme faz com seu hardware e software, até mesmo na imprensa a Apple quer manter seu controle absoluto?