Resenha de livro: Mulheres

Última atualização em 20 de março de 2015

Título: Mulheres (Women)
Autor: Charles Bukovsky
Estilo: Romance (literatura moderna)
Editora: Black Sparrow Books
ISBN: 978.85.254.2313-9
Lançamento: 1978
Restrições: Conteúdo Adulto

“Sou um alcoólatra que se tornou escritor para poder ficar na cama até ao meio-dia”.

Essa frase retirada do livro define o personagem principal Henry Chinaski, mais conhecido como Hank. Nesse interessante livro vemos episódios da vida agitada deste escritor alcoólatra que na verdade é uma romanização irônica, irresponsável e vestida do álter ego do próprio Charles Bukovsky aos 50 anos.

Mickey Rourke interpretando Henry Chinaski no filme “Barfly” (1987)

Nas páginas que compõe esta obra, que é o livro de referência do escritor, acompanhamos o senhor Chinaski, um bêbado e viciado em corridas de cavalo sobrevivendo de seu dom como escritor. Ele viaja de cidade em cidade para fazer leitura de seus poemas em universidades ou está sua casa usando sua velha máquina de escrever, mas sempre cercado por mulheres que entram e saem de sua vida, individualmente ou em grupos, sadias ou completamente loucas, sempre com uma característica em comum: a de produzir uma avalanche de sensações e problemas na vida do “velho safado”.

Em linguagem fácil no estilo americano de ser, e às vezes chula (sem poupar palavrões e descrições eróticas de suas intimidades com as distintas damas), vamos entrando aos poucos no mundo malandro de Hank.

Logo de cara, encontramos a afirmação:

“Eu tinha cinquenta anos e há quatro não ia pra cama com nenhuma mulher. Olhava pras mulheres nas ruas ou em qualquer lugar que as visse, mas olhava sem desejo e com uma impressão de futilidade.”

Conforme as coisas vão acontecendo vemos todos os elementos que compõe a obra serem introduzidos harmoniosamente na história: as Bebedeiras, ressacas, vómitos, música clássica, corridas de cavalos, saraus, leituras em universidades, festas regadas a whisky, cerveja, fãs sexuais, loiras, morenas, negras, Lydia, April, Lilly, Dee Dee, Mindy, Hilda, Cassie, Sara, Valerie…
As mulheres são um espetáculo a parte, principalmente Lydia, que é sua preferida e companheira de mais longa data, o que não o impede de transformar sua vida em um inferno.

Seria até deselegante falar mais do livro. É uma obra definitiva que deve ser lida devagar, se possível com um bom Whisky em mãos. Podem ter certeza que muitos escritores se inspiraram nela para lançar seus romances, outros até homenagearam como foi o caso do personagem “Hank” Moody vivido pelo ator David Duchovny na série Califonication.

Charles Bukovski para quem ainda não conhece

Charles Bukowski, foi um escritor nascido em 1920 nasceu na Alemanha. Filho de um soldado americano e de uma jovem alemã, foi para os Estados Unidos da América com três anos de idade, sendo criado nos subúrbios de Los Angeles, onde viveu por quase toda sua vida e onde ambienta a maioria de seus romances. É considerado o autor contemporâneo mais influente e imitado na América. Bebeu durante toda a sua vida, até morrer em 1994 aos 74 anos, numa idade ótima se considerando a vida de “boêmio” que sempre manteve. Da mesma forma que seu personagem Hank, ele viveu em meio as mulheres (certinhas ou promíscuas, damas ou prostitutas), as corridas de cavalos, drogas e sua inseparável bebida.