Última atualização em 5 de março de 2015
Bem vindos mais uma vez ao interior do meu Bunker. Hoje farei a resenha do meu último livro lido, o assustador “O Exorcista”. Vou contar um pouco do livro sem dar “Spoilers” para que o leitor que decidir ingressar nesse assombroso conto tenha toda a experiência e imersão necessárias a leitura deste tipo de literatura. É claro, se você viu o filme não vai ter muito sentido pois, salvo algumas particularidades próprias do tipo de mídia, as duas obras são praticamente idênticas.
Dados técnicos:
- Título: O Exorcista (The Exorcist)
- Autor: William Peter Blatty
- Ano: 1971 (obs: o filme foi produzido em 1973).
Sinopse:
A famosa atriz Chris McNeil após seu divórcio se muda com sua filha Regan para uma cidade
pequena para estar mais próxima de seu emprego. Estranhamente sua filha começa a apresentar um comportamento estranho e agressivo. Após diversas visitas a médicos de todas as especialidades possíveis, incluindo psiquiatras o quadro de Regan passa a ficar mais grave e aparentemente sem solução. Em um certo momento da patologia a menina começa a apresentar traços de possessão, onde ela afirma ser o próprio Diabo. Após o amigo de Chis ser morto em sua casa com circunstâncias que levam a crer em rituais satânicos Chris tenta uma última e desesperada solução, contactar um padre exorcista. Paralelamente a esta trama um investigador encarregado de desvendar o macabro assassinato passa a seguir os passos de Chris.
Resenha:
O Exorcista é um livro que dispensa em muito a sinopse para atrair o leitor. Segundo o autor, William
Peter Blatty, ele decidiu escrever o livro após ficar impressionado com uma história que viu no jornal sobre um garotinho de 14 anos que passou por um exorcismo. O livro conta uma história linear, dividida em 3 atos: apresentação dos personagens (breve), o início da doença de Regan onde é narrado a intensa visita da protagonista a vários especialistas, com seus diagnósticos em palavras extremamente rebuscadas e sem sentido e finalmente o exorcismo, ponto alto do livro. Um pecado do livro que muitas pessoas dizem é que o segundo ato ficou extremamente longo em relação aos outros dois, mas nada que tire a tensão posta na narrativa.
Sem dúvidas é uma obra prima, digna do hall das mais famosas e clássicas obras de terror do século passado, revolucionando a literatura com narrações fortes, perturbadoras e autênticas, bem diferente do que tinham disponível na época como Edgar Allan Poe ou Howard Phillips Lovecraft. A obra até
pode ser classificada como um romance policial com pitadas de sobrenatural. O livro é assustador, em alguns momentos você se convence que o narrador é o próprio demônio. O conteúdo é extremamente detalhado, sem chegar ao exagero de um senhor dos anéis é claro, mas em alguns pontos é extremamente visceral e nojento, dando náuseas em quem acompanha a trama. Até o erotismo do livro é macabro, principalmente quando são descritos os rituais negros que envolvem orgias com elementos sagrados e quando o demônio começa a violar o corpo da menina com objetos. O conteúdo é tão visceral que 3 anos após o lançamento do livro foi estreado um filme com o mesmo nome (1973) que arrastou multidões para as telinhas e até hoje (não levando em consideração as roupas e os cabelos da época) não parece ser datado. Muito marmanjo macho ficou algumas noites sem dormir pensando na projeção.
Em termos práticos não é realmente um livro (e nem um filme) de terror. O livro não começa contando a história das duas mulheres e sim em uma escavação onde um padre e arqueólogo procura vestígios de um demônio mitológico chamado Pazuzu (mitologia assíria e babilônica), que é o demônio dos ventos responsável pela fome e pragas e era representado por uma estátua extremamente super dotada.
Há também o personagem do policial que investiga o assassinato ocorrido na casa de Chris,
personagem esse que dá o tom de thriller policial ao livro mas que é, de alguma forma, meio descartável para a trama, tendo sua função muito mais psicológica que prática (sem ele a maioria dos diálogos tensos do livro seriam feito em monólogos). O sobrenatural se insere aos poucos, de maneira lenta e gradual. Por incrível que pareça isso funcionou bem tanto no livro como no filme (não tem aquela coisa chata de assustar o espectador com coisas aparecendo do nada, com ratos ou panelas caindo). A narrativa começa a ganhar força quando é inserido o Padre Jesuíta Damien Karras (professor e psiquiatra), que começa a acompanhar a menina, porque ele representa um homem em crise de fé e por sentimento de culpa pesado pela morte de sua mãe.
Sua fé é tão abalada que, como estamos vendo o livro em grande parte sob sua ótica, até perto do fim muitas pessoas tem dúvida se realmente a menina está possuída por um demônio, um espírito ou se é alguma crise de esquizofrenia, pois ele procura resposta física para cada manifestação que presencia. Para resumir diria que o livro é uma história sobre fé, sobre o que é divino e o que é físico, e em sí é um ótimo suspense com tons de terror e teologia envolvidos no desenrolar da trama.
Recomendo. Uma ótima leitura para vocês!
Nota: 08/10
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