Última atualização em 29 de janeiro de 2015
Título: Deixe Ela Entrar (Låt den Rätte Komma In – Suécia, 2007 – 110 min)
Gênero: Terror
Esqueçam tudo o que vocês viram nos últimos anos em relação a filmes de terror, mais especificamente falando de vampiros. Tudo vai mudar quando assistirem a este excelente filme feito na Suécia (dirigido competentemente por Tomas Alfredson).
Apesar de seu uma produção feita com baixo orçamento é um filme impressionante e tem tudo para ser o melhor filme de 2008.
Isso mesmo, o filme é de 2008 e só agora, depois de uma brilhante carreira de público e crítica pelo mundo, chegou ao Brasil.
O filme é de terror, mais paralelamente trata de uma história de amor entre duas crianças, Oskar ( Kare Hedebrant), um jovem de 12 anos que vive na gelada Blackeberg (subúrbio de Estocolmo), na década de 80 e sua vizinha Eli (Lina Leandersson), que acabou de se mudar para a vizinhança. Ela aparentemente também tem 12 anos (isso a mais de 200 anos como ela fala em uma das partes do filme: “tenho mais ou menos 12 anos há muito tempo”).
Os dois atores interpretam muito bem os personagens e convencem o público. Durante o filme Oskar é perseguido pelos valentões da sua escola, tem problemas com os pais que não ligam muito para sua vida e por isso vive isolado, até o dia em que saindo para rua durante o inverno rigoroso encontra Eli e faz amizade com ela, mesmo ela fazendo o possível para evitar esta aproximação. Daí sua vida muda completamente e começa a ter um sentido, mudando suas atitudes e sua auto-estima (ele chega até a reagir contra os moleques que o perturbam na escola).
Eli é uma menininha que não pode crescer, vive com um protetor (um senhor de meia idade) e por necessidade, dada a sua situação, aprendeu a ser fria ao assassinar pessoas em busca de sangue para sobreviver.
Se levarmos em consideração a descrição seria somente mais um filme de terror de baixa produção, mais o que torna este filme uma real experiência e a forma como o filme é apresentado ao expectador. Ao começar a ver o filme mergulhamos em um clima sombrio, com bastante noite, frio, poucos diálogos e muito mistério.
Diferentemente do cinema americano o filme não dá sustos na platéia utilizando-se de efeitos sonoros, o terror é gradual, psicológico e totalmente sufocante. O vampiro não toma o plano principal da trama, o drama impera nesta área e em certas partes o filme se torna extremamente sangrento e agoniante.
Muitas pessoas se emocionam ao verem o filme ou ao ler o livro que originou o filme (obra do mesmo nome lançado em 2004). Ele segue as tradicionais regras criadas para o mundo dos vampiros. Eli não pode ser exposta ao Sol por isso dorme durante o dia, só pode entrar na casa de um estranho caso seja convidada (por isso o título) e tem força sobre-humana, limitada por sua idade quando foi transformada. Apesar da aparência linda e frágil ela é uma predadora, não economizando violência e sadismo quando precisa se alimentar.
Como é uma produção européia a trama tinha que ser politicamente incorreta. Durante o filme, além da extrema violência explícita ainda se trata da descoberta da sexualidade entre as duas crianças (de forma bem poética), do amor, proteção e necessidade de convivência e aceitação.
Como sempre acontece, após a repercussão de Deixe Ela Entrar, criticado positivamente em muitos festivais e vencedor de mais de 40 prêmios mundo afora o filme já está com sua versão americana programada (infelizmente) e será dirigido Matt Reeves (diretor de Cloverfield – Monstro), provavelmente para tentar pegar um gancho no sucesso do Crepúsculo, e este é um bom motivo para ver esta versão original, para ter um senso crítico ao encarar o que está por vir.
Fiquem a vontade para comentar.
Att.
curiosidades:
- O título do filme (assim como o romance em que se baseou) refere-se à canção de Morrissey chamada “Let the Right One Slip In”. Além disso, o título também se refere ao fato de que, de acordo com as lendas de vampiro, eles devem ser convidados, antes de poderem entrar na casa de alguém (isso acontece no filme de quando Eli pede a Oskar para convidá-la a entrar em seu apartamento).
- Apesar de o filme se passa em Blackeberg, um subúrbio de Estocolmo, a fotografia principal do filme foi filmado em Luleå, no norte da Suécia, para garantir bastante neve e frio.
- Vários truques foram usados para criar os efeitos de som certo para algumas das cenas. Morder salsichas foi usado para reproduzir morder a pele e a carne; iogurte e outras bebidas eram usadas para soar como beber sangue. O som das crianças piscando foi feita esfregando-se uvas umas nas outras.
ficha técnica:
- Direção: Tomas Alfredson.
- Roteiro: John Ajvide Lindqvist.
- Gênero: Suspense, Terror.
elenco:
- Kåre Hedebrant – Oskar
- Lina Leandersson – Eli
- Per Hagnar – Håkan
- Henrik Dahl – Erik
- Karin Bergquist – Yvonne
- Peter Carlberg – Lacke
- Ika Nord – Virginia
- Mikael Rahm – Jocke
- Karl-Robert Lindgren – Gösta (como Karl Robert Lindgren)
- Anders T. Peedu – Morgan (como Anders Peedu)
- Pale Olofsson – Larry (como Paul Olofsson)
- Cayetano Ruiz – Magister Avila
- Patrik Rydmark – Conny
- Johan Sömnes – Andreas
- Mikael Erhardsson – Martin
Faltou ser comentado o fato de Eli não ser exatamente uma vampiresa… e se sim um vampiro com feições femininas castrado há séculos. O diretor até tentou introduzir cena de flashback da tal castração, mas por motivos pessoais resolveu esquecê-la. Mas deixa implícito em diálogos entre os protagonistas… como quando Eli chega pra Oskar e pergunta: “E se eu não for uma garota, Oskar?”
Deixa Ela Entrar é Obra Artística
Credopúsculo e C&A são produtos culturais
Jucier,
ótimas observações. Tem muitas cenas que intrigam quem assiste ao filme, principalmente a cena em que o Oskar tenta ver a Eli trocando de roupa e se assusta ao ver que ela só tem uma cicatriz no lugar, e estes diálogos. Como é um filme europeu é complicado de conseguir mais informações relevantes, mais o que concordo com você é que é uma obra de arte que deve ser vista e comentada.
Att.